do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

19.12.06

Espera, não vás ainda… Há tanto por dizer e por mostrar, há ainda tanto por viver. Não vás. O tempo é escasso. Toda a eternidade seria pouco para te descobrir, seria um só instante para te olhar e quero ver-te. Quero ter-te comigo quero beber o tempo em ti… A nostalgia de um adeus empurra-me para uma solidão inóspita. Não vás.

18.12.06

Sinto um amargo na boca como se nunca tivesse beijado... Um arrepio de saudade acariciou-me o pescoço lentamente. Senti-o nos ombros como uma massagem e este vício das saudades faz-me mal!!!

16.12.06

As escolhas são sempre imensas... a vida é que é só uma...
incógnito ainda... sempre... e para sempre...

14.12.06

prisão o ser verdade viver angústia o perder o sentir corações ver almas visões mistério sentir mistério sorrir razões corações o silêncio atroz multidões a fuga a luz a chuva saber o mar querer mais que sorrir milagre sorrir saudade um quê sem dúvidas porquês verdades verdade prisões as almas os corpos venenos vícios prazeres o ser obscuro um corpo o muro silêncio talvez no escuro te vês

13.12.06

Deixo o som invadir-me o corpo correr as veias vibrar os ossos. Na batida com a batida. Ouço-a sinto-a canto-a. Por dentro por fora. repeat. E ouço-a e ouço-me. Ouço-te… e o bom que é ouvir-te! repeat

12.12.06

viagens quantas não fiz
os sonhos que percorri
contudo o autor assim quis
houve dias que morri

prosa histórias poesia
livros que li e reli
lembro as palavras que lia
lembro as vezes que sorri…


(… e sorrio!)

11.12.06

As letras galopavam as folhas numa pressa selvagem numa liberdade natural. Surgiam no passar do aparo como vida na primavera do papel sedento da tinta que as faz brotar. Magia! pensava a cada letra desenhada. Milhares de letras palavras e até frases… Parou de repente por cima do borrão já esperado. Tentou ler. Releu-se e afogado numa gargalhada à séria ironizou o absurdo do que lera e uma culpa ecológica abanou-lhe o cérebro…

10.12.06

É num lugar ermo que te penso. É num lugar ermo que me vejo pensar-te. No infinito no fim de tudo. É nesse pensar que me perco a cada segundo dum cuco de horas que perecem num regaço… as infindas horas de um momento.

7.12.06

O melhor do mundo cabe dentro duma flor dum sorriso dum olhar e o quê melhor que um beijo para provar tudo isso?

6.12.06

No frio da noite arrepiou-a o calor do abraço que recebera. Ali naquele preciso lugar. Ao frio. Inspirou-o até onde coube. Olhou o céu de prata e despejou-o já morno num suspiro profundamente longo. Tão longo quanto o abraço e igualmente profundo. Ali à luz cheia da lua... ao frio. Entre velhos amigos.

5.12.06

Encontro-te entre tantos num dia à chuva. No embaraço da tarde sorris-me como podes como consegues. Olhas-me os olhos. Procuras perguntas ou talvez procures respostas. Então tudo bem é o que consegues balbuciar numa voz parca de som. Oca e vazia. Sorrio num aceno positivo. Pouso-te o beijo que te devo no rubro dos lábios entre a chuva entre a multidão. Demoro mais que o previsto… sussurro-te um adeus que tentas sorrir. E não sorris talvez pelo peso do adeus talvez por estar a chover. E no último olhar na última e mútua súplica alguém perdeu uma lágrima

4.12.06

e por tanto morar nas palavras já não sei morar em mim.

29.11.06

um medo imenso uma vontade de escrever
um pesadelo permanente um desejo de te ver
a revolta por não sentir a tristeza de seres tu
a incerteza de quem és o frio bruto o frio cru
o silêncio dum criador o não ser da criação
o horror do pensamento a estupidez da razão
a ignorância dos sentimentos o ódio só de pensar
a astúcia da solidão a audácia de querer sonhar
um pesadelo imenso um desejo de escrever
um medo permanente uma vontade de te ver.

26.11.06

Hoje queria só falar. Cantá-las dizê-las ouvi-las. Queria falar… ouvi-las escritas de ar. A fadiga da caneta funde-se com a dos olhos entrança-se à saudade de um ouvinte. À falta de um orador. Digo-as para mim e soa a pouco. Fala-me e deixa-te ouvir-me. Olha-me para lá dos olhos deixa-me ver-te. deixa-me ouvir-te o olhar. Deixa-me tocar-te a alma bafejar-te o coração. Deixa-me aquecer… quero falar-te no cantar quero cantar-te enquanto falo. Quero ouvir quem és… Abraça-me a alma dá-me a mão. A fadiga… Hoje queria sorrir-te beijar-te o olhar embriagar-me de ti. Hoje não queria escrever… Se ao menos não chovesse…

24.11.06

Sabes a que cheira uma gota de luar, a que sabe um raiozinho de sol o que canta uma estrela e nos diz a neve fofa? Sabes que força guarda uma flor? Sabes a verdade e para que servem as palavras?

21.11.06

Há-de o mundo pensar que o esqueci se um dia tiver tempo para me ouvir.
Há-de o tempo sentir-se incomodado com a minha indiferença ao seu passar.
Há-de a chuva pensar que me não molha ao não me incomodar com seu cair.
Há-de haver alguém a quem um dia diga: amo as palavras a noite fria e amo o mar!

(E talvez lho diga também…)

19.11.06

Incitou-o uma vontade súbita de escrever de cinzelar no papel a memória do que era tentando deixar de ser quem fora um dia. Um dia talvez de sol ou talvez não... um dia feliz. E sem porquês ou assuntos esculpia no níveo deserto do papel traços ordenados como a melodia espontânea de um rio. Um rio de tinta que lhe traz vida que lhe dará um tempo bafiento e breve. Para que o vejam e leiam. Para que bebam da fonte e se entreguem a sonhos, histórias, vidas, horror, ao êxtase, à saudade e a tudo o que a escrita consegue ou não ser. Para que um dia que nasça mais feliz alguém o veja para além dos olhos não se limitando a ler palavras. E para lá do tempo esculpiu a memória na palidez da folha. Criou com gestos de magia um quadro de letras uma pintura inimitável a verdadeira estampa:
- o inebriante retrato de uma alma…

18.11.06

17.11.06

Aprendo aos poucos diariamente a contrariar a bruta necessidade de encontrar a meta de procurar os porquês e num qualquer comboio sem destino com chegada incerta que cumpre por ter partido perco o medo com as metas e descubro nova viagem sem mais riscos nem senãos repleta de mas e ses e é num par de carris que bebo de novo a vida e sorrio à séria e perco o pavor e sem saber para onde vou celebro o simples facto de ir…

16.11.06

Se o amor fosse um rio tomava banhos ao entardecer e o resto do dia contava aqueles que passassem e não rissem…

14.11.06

Hei-de manter a vontade e .esboçar as almas que vejo. Traçá-las o melhor que sei e posso com as palavras que conheço e que hei-de conhecer. Que hei-de ainda conhecer. É nas palavras que me entendo. As palavras sem sentido que tanto sentido fazem. As palavras que aqui não risco. As palavras que em pixeis deixo nesta (agora mais pobre) folha de vidro



(a folha é tb tua... tnks4all)

13.11.06

Saudades até à morte
De te ver à beira-mar
Do vestido – ousado corte!
No teu corpo ao luar

Saudades até ao fim
Do teu gesto esse dançar
Desse perfume jasmim
Dessa vida num olhar

E do sorriso rasgado
E dos beijos que bebi
Do vestido abreviado
Da tua vida de ti…
É Outono diz o calendário há vários dias. Diz o calendário mas não diz mais ninguém. Não diz o tempo não diz o sol nem consequentemente o diz a roupa das pessoas. Nem elas próprias o diriam se lho perguntassem ou se pensassem nisso um momento. O cheiro não é de castanha assada nem a chuva é outonal! Onde foi o Outono? Acendem-se as luzes denunciando um Novembro de dias curtos. O sol já foi… O verão não! Nem a passarada que anima em coro a sueca no lusco-fusco do jardim. A bola corre ainda no verde do tapete que anseia a mancha avermelhada de vestes já fora de época. É Outono e ainda não chegou. Amanhã hei-de vir esperá-lo à mesma hora. Talvez amanhã cheire a castanhas.

12.11.06

Por detrás do pôr-do-sol empalidece um olhar embriagado no terror de ser. De ali estar e talvez de gostar e de ali ficar horas dias talvez. Uma eternidade com tanto de sozinha como de para sempre. Flutuando na viscosidade do horror níveo de palidez e amargura e perturbado com a comichão do silêncio. É que a caveira do que somos sobrepõe-se num olhar de terror numa palidez de morte e a dor consome-nos à velocidade de um sorriso que já não lembramos sentir. Lembras-te de quando sorrias ou finges-te louco para não teres que o lembrar?
E o azul perde a piada…

11.11.06

Perdi-me na solidão e na solidão hei-de pairar enquanto o tempo quiser…

10.11.06

Sentado no dorso de uma libélula voei…
Rasguei o vento numa pressa vertiginosa do fim.
Do fim do mundo do fim do verde do fim do voo.
Por sobre rios e riachos velozes como o vento que nos esfrega a cara. Que nos revolta o cabelo e ri connosco num sopro de liberdade.
Como se fosse o último voo do mundo.
E pode muito bem ter sido…

9.11.06

A estupefacção. Sempre a estupefacção. E depois a dor e a angústia. A dor de quem a sente a angústia de quem a vê de pouco ou nada poder fazer. A inércia do poder a indiferença dos poderosos ou talvez o gozo de alguns. O saber da indiferença… Fome e sede. Pão água justiça compaixão. Por vezes uma simples mão ou um olhar talvez uma palavra. A palavra que falta e a espera do gesto do abraço. A espera de braços titânicos. A resposta a um porquê indignado. E a espera. E a resposta? Haverá desculpas? Homens tantos… enormes pedaços fragmentos de vidas. Cruéis implacáveis sós. Donos de poderes e verdades. Verdades? Enche o corpo de luxos vícios pernas braços crianças e velhos. Não os vês e enches-te deles. Abre a boca e fecha os olhos… fecha-os e sê feliz e chora por ti e faz chorar no mundo a criança que te atacou por te olhar ao jantar por detrás dum olhar morto de fome. Por te pisar o prato requintado que comes. Espanta-lhe as moscas num zapping confortavelmente eficaz. Enche o bandulho e dorme… amanhã vencerás de novo. Amanhã haverá risos entre cabeças em bandejas no fausto banquete dos gordos. E para sobremesa – a dor de quem não vês e um cálice de tirania…

2.11.06

Olho-os... Parecem as peças estonteadas dum enorme xadrez monocromático.
Será que pensam?

..

Escrevo um poema com as penas da saudade com a tinta dum olhar. Pinto-o letra a letra num beijo de papel e risco palavras confusas e vãs e às vezes rio.

1.11.06

Choro preso ao abraço que não te dei. Que já não te dei. Lembro-te no abraço que te quero dar onde sei que me esperas. O abraço que te queria dar onde me fazes falta… o abraço que te queria dar aqui. Dorme em paz.

(e por te sentir ainda e para sempre a dor amaina e adormeço)

31.10.06

Vimos do lugar onde o tempo era eterno e corria contra ele próprio. Onde os dias eram vidas e as vidas eram sonhos bons com tudo aquilo a que tinhamos direito com tudo aquilo que queriamos ter. Um sonho puro como um sorriso de criança afável como um carinho de mãe seguro como um abraço de pai. Simples. Tão simples que enternece tão terno que quase magoa. É sempre assim. Será sempre assim? A vida de uma criança que a vida nos dá e tira. E puxa-nos a passadeira num ai mudo de uma queda aterradora. Para que nos roamos de inveja do mundo de uma criança.
Fecha os olhos e atreve-te a sonhar de novo…

30.10.06

Saudades de: loucuras, verdades, inconsciências, azul, lágrimas, vida, mar, viver, inocência, liberdade, vontades, acreditar, ser feliz, de ti? Saudades todos temos mas nem todos sabemos de quê…

27.10.06

Há-de haver um dia em que o sol nascerá azul em que sorria pela manhã em que o mar não terá fim em que a caneta não vai parar. Há-de nesse dia vir a vontade de rir bem de dentro. E sorrir só porque sim. E hei-de nesse dia ir ter contigo e hei-de olhar-te nos olhos e tu hás-de ver e ainda assim eu dir-to-ei e hei-de para sempre gravar na memória esse sorriso e depois serei feliz. Extremamente feliz...

26.10.06

É noite… A cidade dorme embalada por uma chuva triste de Outono. Lá dentro vigilante alguém recorda o quanto aquele cantar fora feliz. A chuva da manhã num dia sem escola. O pensamento livre de amarras a imaginação desmesurada e a inocência. Os sonhos as esperanças as vontades o querer. E a chuva lá fora. E na rosca dos cobertores um universo de criança. Tão enorme. Tão feliz. E no escuro da noite recorda outros dias outras manhãs. Tão escuro. E a chuva insiste em marcar presença. Em se fazer notar no choro triste com que vela a cidade. E antes não velasse. Inunda-lhe a casa. Invade-lhe o espaço a alma o corpo. E o sono tarda. Tarda sempre. Tudo tarda. E chove. Um cantar melodioso triste. Sussurra melancolia a quem a ouve. A quem a não queria ouvir. Sem cessar. Ladainhas prolongadas salteadas em breves iras divinas. Pequenos dilúvios ruidosos rasgam o escuro precipitando-se num estrondo suicida. No chão nos telhados na alma. E esvaem-se no ápice em que surgem levando o sobressalto de vidas intimidadas. O sono tarda quase tanto como o dia. Não pensa. Já não há força. Não há vontade. Chove. A noite chora e não morre.

24.10.06

Talvez um dia tenha a arrogância necessária para dizer: conheço-me… hoje não. Hoje sinto-me mas não basta. Já não… E o pouco que me sei risco-o às camadas sobre folhas que me faltam e olho-as. Palavras. Sempre palavras. E sabem a pouco. Soltas. Amontoadas. Palavras é só o que me sai. Palavras. Fluem. Enchentes de tinta arritmada. Velozes quase ilegíveis. Demoradas desenhadas com minúcia. Vivas. Estonteantemente vivas. Procuro entre riscos de letras traços de alma. Procuro-me. Pilhas de folhas… rios de tinta. Por vezes fazem sentido... E para lá do sorriso que .esboço não me sei.

23.10.06

Abre os olhos. Vê-te. Levanta-te do teu canto escuro procura a luz que conheces e já não lembras ter visto. A luz que o tempo foi apagando. A luz que o mundo foi sufocando. Esse brilho que era teu e está perdido. Não baixes os braços os olhos não a percas não deixes nunca de a procurar...

22.10.06

Quero cantar o poema que não li dizer palavras que não conheço e desenhar o que hei-de ver… E ouvir-te para lá do tempo ver-te dentro dum momento e sentir de novo a vida correr com o sangue nas veias o sangue quente apressado e vivo. Quente… E arrepiar-me sem te tocar… sem te ver… arrepiar-me. Só por estares. Só por seres e eu te saber. Quero ser egoísta… Quero viver outra vez.

19.10.06

São só palavras o que quero berrar ao mundo. Só palavras que acumulo na raiva sufocante que me cresce por debaixo da pele. Raiva. Pena. Horror. Palavras… Estupefacção a cada dia a cada notícia e quando parece acalmar... Raiva. Horror. Pena. E entre palavras perde-se o apetite dum jantar já reles e sufoca-se de novo… E no virar dos olhos um jornal e mais palavras… E parece não ter fim… E sente-se que não vai acabar… Sinto que não vai mudar e não me resigno… Palavras. São só palavras e não muda e não me resigno… Ainda não o quero fazer… Não o quero fazer nunca! E revolto-me.
Hei-de berrar as palavras que não vais ouvir hei-de berrar-te a minha audácia e hei-de fazer-te ver tudo o que não ouvires… um dia hei-de dormir descansado. São só palavras que não calarei!

16.10.06

Triste o Outono hoje. Triste. Ou triste eu no Outono no hoje. Sem saída sem fuga possível. Só nós e o medo. O medo de estarmos connosco. Com o que na verdade somos. E somos tão-somente nós próprios, o verdadeiro e absoluto eu com tanto de medonho como de fascinante.
O mar está negro dizem-me… Talvez não mo digam mas eu ouço-o. Ouço sempre e mais uma vez. Queria vê-lo mas hoje não. Hoje chove. Hoje é dia do Inverno se aconchegar dentro de mim.

13.10.06

... e a loucura sobrepõe-se ao pensamento e o pensar está acima de um momento e o momento corrói-nos de verdade e a verdade dói quando nos toca… mas há-de sempre haver um fim.

8.10.06

... e no nu da existência embriago-me de luar e de estrelas…talvez no fim sejas feliz…

7.10.06

Esperas e gastas o tempo que te falta na procura da verdade. Numa busca que te leva onde o mundo podia ser azul. Ouves-te e no pensar há um sorriso que te queima e te escolhe por te querer por te saber aí por te ouvir o pranto que não cantas no fado que te escuta. Escuta-te. Sabes-te? E sabes quem te sabe? E ouves o vês? E cansas-te numa pressa que te prende numa corrida que sabes estar perdida num mar sereno e límpido. Numa vontade que já não sabes se queres. Num seres tu numa ilha deserta repleta de turistas onde n te vês onde já não moras.............................................................................
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............onde tudo te sabe à paz que te esqueceu a paz que um dia te viu plena de calma e serenidade..................................................................
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E ris.....................................................................................................

3.10.06

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O nevoeiro condensava-se lá fora. O escuro do quarto era apenas perturbado pelo brilho da pequena vela que ardia na frieza da noite. As lágrimas de cera gotejavam suavemente pelo verde-mar da vela e ela olhava-as, compenetrada no seu olhar de ver. E via para lá da branda luz e do suave calor a musicalidade da sua existência, a fragilidade do seu ser. Sentia os olhos percorrerem o escuro e molharem-se de lágrimas. Estava só acompanhada pela solidão e o silêncio. Secou-lhe o sal na face e sem o limpar pensou de novo nele. Não sabia se sorria ou se chorava. Só voltou a dar de si quando um grito surdo lhe subiu à garganta e quase a sufocou. Quis libertá-lo mas… para quê? Levantou-se, abriu a janela e respirou o frio do mundo. O nevoeiro roubava-lhe o ténue brilhar das estrelas a triste frieza da lua. Fechou-a e pensou nele. A vela apagou-se… E no escuro silêncio do quarto deitou o corpo cansado. Uma lágrima solitária tomou-lhe de assalto a suave pele da face morna. Suspirou. Pensou nele. Fechou os olhos. Viu-o. Amou de novo e sonhou para sempre…

2.10.06

Perdi-me num mundo hostil e frio
Perdi sonhos paixões enfim...
Perdi o sono e já não rio
Já só tenho saudades de mim...
(Muitas saudades de mim)

29.9.06

Persigo o escuro da Noite
Vazio de sentimentos
Encontro neste silêncio
Um perpetuar de momentos

Abstenho-me de chorar
Olho a lua com tristeza
Lavo a alma no luar
Abraço a eterna beleza

Fujo ao dia com pavor
Tal morcego embriagado
Causa-me a luz um horror...

Um frio triste apagado
À Noite perto da dor
Sinto o meu corpo abrigado...

28.9.06

Vou perpetuamente falando com o ruído de palavras mudas.
E o verbo não se altera…

25.9.06

A crueldade do mundo rouba-nos a infantilidade do ser onde moram os sonhos perdidos. O ar é frio o coração amedronta-se e com o tempo crescemos.
A vida passa e não nos leva!!!




Sufocou-te uma saudade
Bafejou-te a solidão
Estar só uma verdade
Ser eterno uma visão

Aprendeste a dor de estar
Esperaste o amanhecer
Perdeste tudo num olhar
Deixaste tudo ao morrer.

18.9.06

Escolho perder-te ou não escolho e perco-te apenas. Ou não te perco. Talvez por nunca te ter tido talvez por te ter para sempre. E moro neste tempo que me gasta e se gasta. Que passa talvez por capricho talvez por ter que passar. Que passa disfarçado num tic-tac ininterrupto e ritmado numa dança infinita de ponteiros e pêndulos no cantar horário de cucos nas rugas profundas do ancião num girar de mundos e estrelas. Num acender e apagar de luzes e cores. E passa na sua aparente eternidade. Tão eterna como a tua ausência. Tão aparente como a multidão. E vivo numa aparência eterna. E eternamente aparento viver e vivo-te na ausência do tempo no dançar das estrelas…

13.9.06

Digo-te com os olhos o que a boca não consegue nem sabe dizer
Se ao menos conseguisses ler... e ver como danças no meu olhar
Se pudesses quem sabe sentir... e provar este olhar que te abraça devagar
Talvez ouças como te canta... talvez no fundo saibas
...que sem te devorar te prova aos poucos até ao fim.
E olho-te...

7.9.06

Havia luz mas o sol dormia ainda por detrás do horizonte. As gaivotas faziam questão de se mostrarem acordadas em gritos inconfundíveis talvez de fome talvez de horror talvez apenas no cumprimento dum bom dia. Por entre os prédios que lhes alcançavam o voo mostrava-se o mar calmo e sereno. Alguns cantos nocturnos misturavam-se com o barulho dos poucos motores que passavam e com o abrir de persianas – que o dia chama. As luzes da cidade ainda não apagaram e acendo outro cigarro. Talvez o último que o fresco do dia empurra-me para dentro. Acabo-o. Apago-o. E com a alma lavada de paz abraço o sol e digo até já ao mar.



suspiro absurdo
grito contido
louca fortuna
cantiga vã
silêncio ambíguo
rosto despido
calma oportuna
breve manhã.

21.7.06

As lágrimas assaltam-na em dor mas o alívio de poder chorar fá-la sorrir. E chorar em prantos talvez. Talvez não em prantos, só uma lágrima contida e venenosa que queima devagar num cumprir de destino numa lei da gravidade que a chama baixinho por entre sulcos de feições por sobre uns lábios saudosos e gulosos de sabor. E a faz correr a face por onde o ciúme dos meus dedos não passou...
E tu acabas por chorar e eu por nada dizer…

18.7.06

Agarras-te a palavras que não dizes por vergonha ou medo talvez. Ages irracionalmente na tentativa de seres racional e honesta e o mundo rouba-te a vontade. O rótulo esmaga-te numa prisão que não vês nem sentes e te obriga a não seres tu não te deixando não sê-lo. Até quando te vais esconder atrás desse está tudo bem e sou muito feliz porque o mundo me diz que tenho tudo quando não me deixa sequer saber o que no fundo quero e queres... tu sabes que queres. Por isso ama-te e descobre-te e ama-te ainda mais e sê o que a razão te diz ao coração e pensa e age no mesmo impulso... vais ver que a vida te agarra e te leva ao fim com ela... e pelo caminho serás feliz pois haverá quem ouça as palavras a que te agarras e te escondem e talvez nem para ti digas...

17.7.06

Já reparaste na cor do céu? Não hoje especialmente mas na sua cor no dia-a-dia. De manhã à tarde à noite. O que te diz exactamente? E nas formas das nuvens? Claro que sim. Quem é que nunca olhou as nuvens? Quem é que nunca se perdeu num horizonte de sonhos de algodão? De formas sobre-humanas que nos atraem duma maneira tão especial. Quantas vezes não te deitaste nas nuvens como se fossem um colchão de espuma gigante? Quantas viagens fizeste ao sabor do vento? Quantas formas viveste enquanto nuvem?

E à noite choveu...

Espero-te só por te amar e amar-te é tudo o que te peço. Sento-me suavemente sob o crepúsculo e admiro-te na tua complexidade exagerada de seres tão somente tu. Agarro-me a uma saudade trémula e espremo-a até à exaustão desgasto-a e volto a lembrá-la para de novo a espremer mas nada passa e a tua ausência fatiga-me. O ar baço que respiro acorda-me para uma rua obtusa e sinuosa rasgada por corridas de pressas fúteis. Conspurcada por vidas pequenas e vãs desprovidas de sabor envolvidas em suor. Esqueço-as por um momento que ainda breve me leva a um saber de ti a um perder-me em mim. E a lua brilha mais forte numa noite respingada a aguarelas, numa noite fervilhante de saber. E elevo a alma a par com as estrelas e afogo-me num irreal castelo de cartas. E o mar... O mar é azul...

3.7.06

Há-de um olhar roubar-te a vida, um sorriso sugar-te a alma e aprisionar-te para sempre em palavras que depressa confundes com amor. Hão-de levar-te onde não foste em sonhos onde não irias nunca em vida. Hão-de fazer-te rir na prisão dum porquê quando a vontade é só chorar. Vejo-te presa à alma que não sabes, por detrás dum olhar que é teu e não conheces. Para lá dum estares aí… E no entanto estás e o sorriso não te denuncia. Fazes ideia do que virá ainda? Terás a fortuna de o não vir nunca a saber? Sinto-te para lá de muros e razões que desconheço. Vejo-te… Olho-te e não te falo só por te querer bem. Vive em paz meu anjo…

28.6.06

Bebo em travos largos as palavras que não dizes nem disfarças quando te olho.

26.6.06

Sem sabermos exactamente quem somos penhoramos a nossa identidade e um dia queremos rir e não sabemos...

26.5.06

.esboços

Rasgos de espontaneidade e saber.
Riscos de som cor e movimento
Sementes germinantes na fertilidade criativa do ser.
Traços imperfeitos duma criação vindoura.
Experiências duma vida que pode muito bem ser a nossa.
Génese de futuros que talvez vivamos um dia.
Ideias dispersas à procura dum sentido.

Nasce a vontade de sonhar entre palavras na esperança dum esboço de sorriso...

riscos