do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

29.11.06

um medo imenso uma vontade de escrever
um pesadelo permanente um desejo de te ver
a revolta por não sentir a tristeza de seres tu
a incerteza de quem és o frio bruto o frio cru
o silêncio dum criador o não ser da criação
o horror do pensamento a estupidez da razão
a ignorância dos sentimentos o ódio só de pensar
a astúcia da solidão a audácia de querer sonhar
um pesadelo imenso um desejo de escrever
um medo permanente uma vontade de te ver.

26.11.06

Hoje queria só falar. Cantá-las dizê-las ouvi-las. Queria falar… ouvi-las escritas de ar. A fadiga da caneta funde-se com a dos olhos entrança-se à saudade de um ouvinte. À falta de um orador. Digo-as para mim e soa a pouco. Fala-me e deixa-te ouvir-me. Olha-me para lá dos olhos deixa-me ver-te. deixa-me ouvir-te o olhar. Deixa-me tocar-te a alma bafejar-te o coração. Deixa-me aquecer… quero falar-te no cantar quero cantar-te enquanto falo. Quero ouvir quem és… Abraça-me a alma dá-me a mão. A fadiga… Hoje queria sorrir-te beijar-te o olhar embriagar-me de ti. Hoje não queria escrever… Se ao menos não chovesse…

24.11.06

Sabes a que cheira uma gota de luar, a que sabe um raiozinho de sol o que canta uma estrela e nos diz a neve fofa? Sabes que força guarda uma flor? Sabes a verdade e para que servem as palavras?

21.11.06

Há-de o mundo pensar que o esqueci se um dia tiver tempo para me ouvir.
Há-de o tempo sentir-se incomodado com a minha indiferença ao seu passar.
Há-de a chuva pensar que me não molha ao não me incomodar com seu cair.
Há-de haver alguém a quem um dia diga: amo as palavras a noite fria e amo o mar!

(E talvez lho diga também…)

19.11.06

Incitou-o uma vontade súbita de escrever de cinzelar no papel a memória do que era tentando deixar de ser quem fora um dia. Um dia talvez de sol ou talvez não... um dia feliz. E sem porquês ou assuntos esculpia no níveo deserto do papel traços ordenados como a melodia espontânea de um rio. Um rio de tinta que lhe traz vida que lhe dará um tempo bafiento e breve. Para que o vejam e leiam. Para que bebam da fonte e se entreguem a sonhos, histórias, vidas, horror, ao êxtase, à saudade e a tudo o que a escrita consegue ou não ser. Para que um dia que nasça mais feliz alguém o veja para além dos olhos não se limitando a ler palavras. E para lá do tempo esculpiu a memória na palidez da folha. Criou com gestos de magia um quadro de letras uma pintura inimitável a verdadeira estampa:
- o inebriante retrato de uma alma…

18.11.06

17.11.06

Aprendo aos poucos diariamente a contrariar a bruta necessidade de encontrar a meta de procurar os porquês e num qualquer comboio sem destino com chegada incerta que cumpre por ter partido perco o medo com as metas e descubro nova viagem sem mais riscos nem senãos repleta de mas e ses e é num par de carris que bebo de novo a vida e sorrio à séria e perco o pavor e sem saber para onde vou celebro o simples facto de ir…

16.11.06

Se o amor fosse um rio tomava banhos ao entardecer e o resto do dia contava aqueles que passassem e não rissem…

14.11.06

Hei-de manter a vontade e .esboçar as almas que vejo. Traçá-las o melhor que sei e posso com as palavras que conheço e que hei-de conhecer. Que hei-de ainda conhecer. É nas palavras que me entendo. As palavras sem sentido que tanto sentido fazem. As palavras que aqui não risco. As palavras que em pixeis deixo nesta (agora mais pobre) folha de vidro



(a folha é tb tua... tnks4all)

13.11.06

Saudades até à morte
De te ver à beira-mar
Do vestido – ousado corte!
No teu corpo ao luar

Saudades até ao fim
Do teu gesto esse dançar
Desse perfume jasmim
Dessa vida num olhar

E do sorriso rasgado
E dos beijos que bebi
Do vestido abreviado
Da tua vida de ti…
É Outono diz o calendário há vários dias. Diz o calendário mas não diz mais ninguém. Não diz o tempo não diz o sol nem consequentemente o diz a roupa das pessoas. Nem elas próprias o diriam se lho perguntassem ou se pensassem nisso um momento. O cheiro não é de castanha assada nem a chuva é outonal! Onde foi o Outono? Acendem-se as luzes denunciando um Novembro de dias curtos. O sol já foi… O verão não! Nem a passarada que anima em coro a sueca no lusco-fusco do jardim. A bola corre ainda no verde do tapete que anseia a mancha avermelhada de vestes já fora de época. É Outono e ainda não chegou. Amanhã hei-de vir esperá-lo à mesma hora. Talvez amanhã cheire a castanhas.

12.11.06

Por detrás do pôr-do-sol empalidece um olhar embriagado no terror de ser. De ali estar e talvez de gostar e de ali ficar horas dias talvez. Uma eternidade com tanto de sozinha como de para sempre. Flutuando na viscosidade do horror níveo de palidez e amargura e perturbado com a comichão do silêncio. É que a caveira do que somos sobrepõe-se num olhar de terror numa palidez de morte e a dor consome-nos à velocidade de um sorriso que já não lembramos sentir. Lembras-te de quando sorrias ou finges-te louco para não teres que o lembrar?
E o azul perde a piada…

11.11.06

Perdi-me na solidão e na solidão hei-de pairar enquanto o tempo quiser…

10.11.06

Sentado no dorso de uma libélula voei…
Rasguei o vento numa pressa vertiginosa do fim.
Do fim do mundo do fim do verde do fim do voo.
Por sobre rios e riachos velozes como o vento que nos esfrega a cara. Que nos revolta o cabelo e ri connosco num sopro de liberdade.
Como se fosse o último voo do mundo.
E pode muito bem ter sido…

9.11.06

A estupefacção. Sempre a estupefacção. E depois a dor e a angústia. A dor de quem a sente a angústia de quem a vê de pouco ou nada poder fazer. A inércia do poder a indiferença dos poderosos ou talvez o gozo de alguns. O saber da indiferença… Fome e sede. Pão água justiça compaixão. Por vezes uma simples mão ou um olhar talvez uma palavra. A palavra que falta e a espera do gesto do abraço. A espera de braços titânicos. A resposta a um porquê indignado. E a espera. E a resposta? Haverá desculpas? Homens tantos… enormes pedaços fragmentos de vidas. Cruéis implacáveis sós. Donos de poderes e verdades. Verdades? Enche o corpo de luxos vícios pernas braços crianças e velhos. Não os vês e enches-te deles. Abre a boca e fecha os olhos… fecha-os e sê feliz e chora por ti e faz chorar no mundo a criança que te atacou por te olhar ao jantar por detrás dum olhar morto de fome. Por te pisar o prato requintado que comes. Espanta-lhe as moscas num zapping confortavelmente eficaz. Enche o bandulho e dorme… amanhã vencerás de novo. Amanhã haverá risos entre cabeças em bandejas no fausto banquete dos gordos. E para sobremesa – a dor de quem não vês e um cálice de tirania…

2.11.06

Olho-os... Parecem as peças estonteadas dum enorme xadrez monocromático.
Será que pensam?

..

Escrevo um poema com as penas da saudade com a tinta dum olhar. Pinto-o letra a letra num beijo de papel e risco palavras confusas e vãs e às vezes rio.

1.11.06

Choro preso ao abraço que não te dei. Que já não te dei. Lembro-te no abraço que te quero dar onde sei que me esperas. O abraço que te queria dar onde me fazes falta… o abraço que te queria dar aqui. Dorme em paz.

(e por te sentir ainda e para sempre a dor amaina e adormeço)

riscos