do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

31.10.06

Vimos do lugar onde o tempo era eterno e corria contra ele próprio. Onde os dias eram vidas e as vidas eram sonhos bons com tudo aquilo a que tinhamos direito com tudo aquilo que queriamos ter. Um sonho puro como um sorriso de criança afável como um carinho de mãe seguro como um abraço de pai. Simples. Tão simples que enternece tão terno que quase magoa. É sempre assim. Será sempre assim? A vida de uma criança que a vida nos dá e tira. E puxa-nos a passadeira num ai mudo de uma queda aterradora. Para que nos roamos de inveja do mundo de uma criança.
Fecha os olhos e atreve-te a sonhar de novo…

30.10.06

Saudades de: loucuras, verdades, inconsciências, azul, lágrimas, vida, mar, viver, inocência, liberdade, vontades, acreditar, ser feliz, de ti? Saudades todos temos mas nem todos sabemos de quê…

27.10.06

Há-de haver um dia em que o sol nascerá azul em que sorria pela manhã em que o mar não terá fim em que a caneta não vai parar. Há-de nesse dia vir a vontade de rir bem de dentro. E sorrir só porque sim. E hei-de nesse dia ir ter contigo e hei-de olhar-te nos olhos e tu hás-de ver e ainda assim eu dir-to-ei e hei-de para sempre gravar na memória esse sorriso e depois serei feliz. Extremamente feliz...

26.10.06

É noite… A cidade dorme embalada por uma chuva triste de Outono. Lá dentro vigilante alguém recorda o quanto aquele cantar fora feliz. A chuva da manhã num dia sem escola. O pensamento livre de amarras a imaginação desmesurada e a inocência. Os sonhos as esperanças as vontades o querer. E a chuva lá fora. E na rosca dos cobertores um universo de criança. Tão enorme. Tão feliz. E no escuro da noite recorda outros dias outras manhãs. Tão escuro. E a chuva insiste em marcar presença. Em se fazer notar no choro triste com que vela a cidade. E antes não velasse. Inunda-lhe a casa. Invade-lhe o espaço a alma o corpo. E o sono tarda. Tarda sempre. Tudo tarda. E chove. Um cantar melodioso triste. Sussurra melancolia a quem a ouve. A quem a não queria ouvir. Sem cessar. Ladainhas prolongadas salteadas em breves iras divinas. Pequenos dilúvios ruidosos rasgam o escuro precipitando-se num estrondo suicida. No chão nos telhados na alma. E esvaem-se no ápice em que surgem levando o sobressalto de vidas intimidadas. O sono tarda quase tanto como o dia. Não pensa. Já não há força. Não há vontade. Chove. A noite chora e não morre.

24.10.06

Talvez um dia tenha a arrogância necessária para dizer: conheço-me… hoje não. Hoje sinto-me mas não basta. Já não… E o pouco que me sei risco-o às camadas sobre folhas que me faltam e olho-as. Palavras. Sempre palavras. E sabem a pouco. Soltas. Amontoadas. Palavras é só o que me sai. Palavras. Fluem. Enchentes de tinta arritmada. Velozes quase ilegíveis. Demoradas desenhadas com minúcia. Vivas. Estonteantemente vivas. Procuro entre riscos de letras traços de alma. Procuro-me. Pilhas de folhas… rios de tinta. Por vezes fazem sentido... E para lá do sorriso que .esboço não me sei.

23.10.06

Abre os olhos. Vê-te. Levanta-te do teu canto escuro procura a luz que conheces e já não lembras ter visto. A luz que o tempo foi apagando. A luz que o mundo foi sufocando. Esse brilho que era teu e está perdido. Não baixes os braços os olhos não a percas não deixes nunca de a procurar...

22.10.06

Quero cantar o poema que não li dizer palavras que não conheço e desenhar o que hei-de ver… E ouvir-te para lá do tempo ver-te dentro dum momento e sentir de novo a vida correr com o sangue nas veias o sangue quente apressado e vivo. Quente… E arrepiar-me sem te tocar… sem te ver… arrepiar-me. Só por estares. Só por seres e eu te saber. Quero ser egoísta… Quero viver outra vez.

19.10.06

São só palavras o que quero berrar ao mundo. Só palavras que acumulo na raiva sufocante que me cresce por debaixo da pele. Raiva. Pena. Horror. Palavras… Estupefacção a cada dia a cada notícia e quando parece acalmar... Raiva. Horror. Pena. E entre palavras perde-se o apetite dum jantar já reles e sufoca-se de novo… E no virar dos olhos um jornal e mais palavras… E parece não ter fim… E sente-se que não vai acabar… Sinto que não vai mudar e não me resigno… Palavras. São só palavras e não muda e não me resigno… Ainda não o quero fazer… Não o quero fazer nunca! E revolto-me.
Hei-de berrar as palavras que não vais ouvir hei-de berrar-te a minha audácia e hei-de fazer-te ver tudo o que não ouvires… um dia hei-de dormir descansado. São só palavras que não calarei!

16.10.06

Triste o Outono hoje. Triste. Ou triste eu no Outono no hoje. Sem saída sem fuga possível. Só nós e o medo. O medo de estarmos connosco. Com o que na verdade somos. E somos tão-somente nós próprios, o verdadeiro e absoluto eu com tanto de medonho como de fascinante.
O mar está negro dizem-me… Talvez não mo digam mas eu ouço-o. Ouço sempre e mais uma vez. Queria vê-lo mas hoje não. Hoje chove. Hoje é dia do Inverno se aconchegar dentro de mim.

13.10.06

... e a loucura sobrepõe-se ao pensamento e o pensar está acima de um momento e o momento corrói-nos de verdade e a verdade dói quando nos toca… mas há-de sempre haver um fim.

8.10.06

... e no nu da existência embriago-me de luar e de estrelas…talvez no fim sejas feliz…

7.10.06

Esperas e gastas o tempo que te falta na procura da verdade. Numa busca que te leva onde o mundo podia ser azul. Ouves-te e no pensar há um sorriso que te queima e te escolhe por te querer por te saber aí por te ouvir o pranto que não cantas no fado que te escuta. Escuta-te. Sabes-te? E sabes quem te sabe? E ouves o vês? E cansas-te numa pressa que te prende numa corrida que sabes estar perdida num mar sereno e límpido. Numa vontade que já não sabes se queres. Num seres tu numa ilha deserta repleta de turistas onde n te vês onde já não moras.............................................................................
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............onde tudo te sabe à paz que te esqueceu a paz que um dia te viu plena de calma e serenidade..................................................................
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E ris.....................................................................................................

3.10.06

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O nevoeiro condensava-se lá fora. O escuro do quarto era apenas perturbado pelo brilho da pequena vela que ardia na frieza da noite. As lágrimas de cera gotejavam suavemente pelo verde-mar da vela e ela olhava-as, compenetrada no seu olhar de ver. E via para lá da branda luz e do suave calor a musicalidade da sua existência, a fragilidade do seu ser. Sentia os olhos percorrerem o escuro e molharem-se de lágrimas. Estava só acompanhada pela solidão e o silêncio. Secou-lhe o sal na face e sem o limpar pensou de novo nele. Não sabia se sorria ou se chorava. Só voltou a dar de si quando um grito surdo lhe subiu à garganta e quase a sufocou. Quis libertá-lo mas… para quê? Levantou-se, abriu a janela e respirou o frio do mundo. O nevoeiro roubava-lhe o ténue brilhar das estrelas a triste frieza da lua. Fechou-a e pensou nele. A vela apagou-se… E no escuro silêncio do quarto deitou o corpo cansado. Uma lágrima solitária tomou-lhe de assalto a suave pele da face morna. Suspirou. Pensou nele. Fechou os olhos. Viu-o. Amou de novo e sonhou para sempre…

2.10.06

Perdi-me num mundo hostil e frio
Perdi sonhos paixões enfim...
Perdi o sono e já não rio
Já só tenho saudades de mim...
(Muitas saudades de mim)

riscos