do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

3.10.06

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O nevoeiro condensava-se lá fora. O escuro do quarto era apenas perturbado pelo brilho da pequena vela que ardia na frieza da noite. As lágrimas de cera gotejavam suavemente pelo verde-mar da vela e ela olhava-as, compenetrada no seu olhar de ver. E via para lá da branda luz e do suave calor a musicalidade da sua existência, a fragilidade do seu ser. Sentia os olhos percorrerem o escuro e molharem-se de lágrimas. Estava só acompanhada pela solidão e o silêncio. Secou-lhe o sal na face e sem o limpar pensou de novo nele. Não sabia se sorria ou se chorava. Só voltou a dar de si quando um grito surdo lhe subiu à garganta e quase a sufocou. Quis libertá-lo mas… para quê? Levantou-se, abriu a janela e respirou o frio do mundo. O nevoeiro roubava-lhe o ténue brilhar das estrelas a triste frieza da lua. Fechou-a e pensou nele. A vela apagou-se… E no escuro silêncio do quarto deitou o corpo cansado. Uma lágrima solitária tomou-lhe de assalto a suave pele da face morna. Suspirou. Pensou nele. Fechou os olhos. Viu-o. Amou de novo e sonhou para sempre…

1 comentário:

Anónimo disse...

A Lua nunca é fria.
Principalmente a Lua Cheia...
Sabes bem!

riscos