do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

29.5.07

A sapiência e sabor humanos experimentam-se na doçura de um sorriso na ternura de um olhar na sombra e suavidade de um gesto…

26.5.07

1 = 12 = 52 = 365

bem-haja a todos...

25.5.07

Na memória no escuro. Lá fundo no silêncio. No fundo do tempo. Onde o mar não se agita nunca. O sítio que desaprendemos de visitar. Ou nunca teremos aprendido, quem sabe? O baú dos restos. Onde o choro é tão fácil quanto o riso. Prantos e gargalhadas sabem-se de cor. Onde moram os sonhos perdidos onde dança o morto dos dias. No fundo da memória no escuro do silêncio. Num novelo riçado de tempo caído em desuso. Sensações que não sabemos ter tido momentos que não sabemos terem passado. Espaço sem palavras sem tempo sem fim. Sem portas sem janelas. Longínquo pesado. Um poço sem fundo… a queda.

24.5.07

Quantas verdades pode um beijo provar? E quantas poderá esconder? Haverá porventura forma de as medir ou razão para o fazer? E quanto pode valer ou durar? Um sorriso um momento uma vida um olhar… durará para lá do tempo? Pede-o. Não mendigues não o peças furta-o. Troca-o entre o calor cego do olhar. Mistura as vidas vê as verdades. Talvez não sejam mensuráveis ainda assim… prova-o.
E deixa-o provar…

21.5.07

Caminha por entre o balanço de coros de anjos. Única. Um palpitar que agita o mundo de cor luz de magia. Agita-o e renova-o a cada instante para que cada instante seja pleno em deslumbre. Arrebatado diz-lhe do canto mais brilhante do olhar: sabes a vida… e sorri sem nunca saber se ela ouviu.

20.5.07

O meu mundo é apenas a tempestade que me atravessa o pensar que o revolve e mistura em sentimentos que já só se podem inventar. Não há já muito a fazer perante o turbilhão que me assola. Não sei se o vivo… ah! mas quanto o sinto…

18.5.07

Sobra-te o cansaço. Que reste o nada. Disfarça-o de vontade e disfarça-a a essa do que tiver que ser. Um pé depois do outro é o que basta lembrar. Ampara os passos que tiveres que amparar. Não os ampares sempre. Tropeça apenas no necessário não receies o dispensável. Ampara-os todos. Espreme uma mão amiga. Depois dum passo vem outro e depressa vem a corrida. Corre o mundo como um rio sem foz e ao chegares volta a corrê-lo de novo e de novo. Tantas quantas permita o tempo tantas quantas lhe caibam. Agarra-te à alma que és e sabes ao milagre que carregas em forma de cruz e corre. Arrasta-a pelo mundo mostra-lhe o lugar que falha aos olhos. O lugar que se vê da varanda dum olhar. Estrelas dos dias. Espreita por detrás do esvoaçar balançado da cortina que se diria presa à brisa do mundo e sorri-lhe. Ter a audácia de espreitar quem se é no fundo e o quanto no fundo se é. Arrasta-a se tem que ser. Abana-a sacode-a revolve-a enfrenta-a olha-a ao pormenor encontra a estrela que sabes morar onde agora vês a cruz. Conheces-lhe bem a casa… shine.

17.5.07

A noite já grande. O som baixinho lá longe a paz do embalo. No peito levo-te a dança pouso a saudade à cabeceira fecho os olhos no escuro e num sorriso durmo a correr o que falta para amanhã.

Até amanhã…

15.5.07

Ao fundo a respiração um tanto inquieta amaina à sua chegada. Pose direita abas para trás cotovelos a noventa e as mãos como aranhas provam em silêncio o frio alvo do marfim. O suspiro traz a tensão e uma explosão de vida enche o lugar. O martelar preciso a cada tempo. Escultura de som. A pauta transformada em arrepio e de novo. As mãos bailam na calçada a preto e branco em saltos melodiosamente perfeitos sempre no rigor milimétrico da pauta. Do rigor militar de claves ao comando de notas apetrechadas em acidentes de tom. Disciplina rigor e ordem. A perfeição no palco na sala na alma. Em êxtase de final aplaudes o artista. Congratula-lo e agradeces na batida enérgica das palmas da concha que em pé moldas na mão. Aplaudes entre outros o estrondoso sucesso das notas sente-las mas quem as sabe não está ali.

14.5.07

Ocupo um lugar numa esplanada com vista para o rebuliço. A minha casa estendida ao sol. O café frio pouco doce como gosto e o negro da caneta misturados na dança azul cinzenta de mais um prazer mortal. E queimo outro. Os gestos que me inventam a paz. Ali mesmo à beirinha do mundo e tão longe… é o que lhe sou. Foi assim selado o acordo. E ao fim do dia na lânguida melancolia do ocaso deixo as pegadas na areia do asfalto… até outro dia.

11.5.07

Deixa que me afogue no mar que trazes na alma. O mar imenso de cor que te transborda o olhar. Deixa que me leve é onde quero morar.

10.5.07

Nascem apenas para alívio de quem assiste. De quem as despeja como a sobras incómodas. Crescem como um cancro na alma. Amargam. Crescem na aflição do ser regadas pela tempestade emergente das emoções que criam. Queimam distorcem desfiguram a vida que inventam a seu bel-prazer. Carrasco incompetente. Que rolem logo as cabeças. Arranque-se o mal pela raiz. Mate-se o morto dos dias e pague-se com a vida se assim tiver que ser. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Tudo ao mar diria eu. Que se lixe a terra e os pedantes que a atravessam.

9.5.07

O escuro da sala é apenas perturbado pelos clarões que respingam na tela. O som foi-se. Perdeu-se na melodia que trazes contigo quando te penso… e o quanto te penso. Danças. Danças sempre ainda que estática num sorriso. Nesse sorriso… A fita corre as vidas na tela lá longe. Tenta apanhar-me o pensar. Lá perto deles ao lado do frio das mãos. Mesmo ali ao lado da tua ausência. E danças. Ondulas, lembras ondas de paz na leveza de cada gesto. Escolho ver-te dançar longe da tela longe da fita longe do frio... ali mesmo junto à tua ausência.

8.5.07

O medo constante. Sempre presente. Sempre soturno e feroz. Aterrador. A sombra viva do que não sabemos ser.

5.5.07

Foi esse esplendor que semeou o jardim onde me encontro. O jardim que me enche o peito e cresce para lá de mim… o feitiço da primavera que és…



O Jardim

O jardim está brilhante e florido
Sobre as ervas, entre as folhagens,
O vento passa, sonhador e distraído,
Peregrino de mil romagens.

É Maio ácido e multicolor,
Devorado pelo próprio ardor,
Que nesta clara tarde de cristal
Avança pelos caminhos
Até os fantásticos desalinhos
Do meu bem e do meu mal.

E no seu bailado levada
Pelo jardim deliro e divago,
Ora espreitando debruçada
Os jardins do fundo do lago,
Ora perdendo o meu olhar
Na indizível verdura
Das folhas novas e tenras
Onde eu queria saciar
A minha longa sede de frescura.

S.M.B.A.

2.5.07

Sinto-te a nostalgia estampada na nitidez fria do vidro que me pára o tempo que me envolve em empatia. O perfil dessa suave tristeza a bagagem de mão que levarás ao destino. O olhar distante muito depois das lágrimas de céu que te cravam o rosto do lado de lá da janela. O que vês? A saudade a tristeza talvez apenas o tédio. Olha-te de frente. Vê-te antes da chuva antes do vidro antes de ti e encanta-te. Deixa-te encantar. Deixa que o mundo te abrace e a chuva te beije o rosto e sê feliz… ainda que só por um instante.

1.5.07

Amarro-me à fina teia de vida. À frágil existência. Prendo-a com cuidado ao que conheço ao que sei ser (tão pouco e aquém). Renovo os laços dia-a-dia numa obrigação de peso num martírio duma emboscada sem fim. E invento-os. Faço-o ao meu jeito desajeitado de viver. Espero. Espero há anos o chegar da hora certa atropelado por constantes desacertos. Ato-me. Mumifico-me. Agarro-me ao respirar cadenciado da existência e preso ao tormento das horas invento a que os ponteiros teimam não marcar. Quem sabe um dia...

riscos