do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

28.2.07

Quero olhar-te nos olhos como ninguém o fez ainda. Quero ler-te por dentro. Quero morar em ti cada dia um bocadinho aos poucos cada vez mais. Sempre um pouco mais até ao dia em que já só a ti saberei chamar lar. Quero ver-te… Quero afogar-te num sorriso teu e meu. Quero com a prepotência do que sou embriagar-te de um verbo venenoso. Quero-te ainda no fim do poema e do abraço. Quero a renda de dedos o labirinto de corpos… Quero-te. E hei-de querer-te ainda mais no fim do olhar…

25.2.07

Queria cantar o mundo doutra forma doutro jeito
Riscá-lo de cores garridas noutra tela noutro fundo
Tirar os traços errados enfim dizê-lo perfeito
E rendo-me à utopia de querer criar novo mundo.

9.2.07

Choram almas no escuro da noite. Sempre no escuro onde o choro é só delas. Choram. Almas estranhas em corpos sem rosto. Choram almas perdidas vidas paralelas caminhos descartados. Choram a efemeridade da vida a exígua existência a imperfeição do ser. Choram sentimentos ausentes cicatrizes perenes dores alheias. Choram em silêncio enroscadas na amarga solidão dos corpos. Choram o escuro para no fim sorrir ao dia…
e fica ainda tanto por chorar.

5.2.07

Bebes-me a existência numa sede desmesurada. Numa sede que me esgota e me seca a pele. Numa sede que não vês ou simplesmente não queres ver. Esgotas-me os sentidos enquanto fazes a tua estrada. Para onde vais? Sabes o destino ou limitas-te a ir? Quem te ampara os passos? O que te espera no fim? E de que é feita no fim a espera? Se te culpo? Não, não te culpo. Só não sigo a tua estrada… a estrada de pó que ainda não és. A estrada de sonhos fúteis talvez vaidades talvez de nada…

4.2.07

Quem sabe um dia se o sol não nasce azul se o mar não fica doce. Quem sabe um dia se a perfeição de uma flor nasce em cada um de nós. Quem sabe um dia se ainda se poderá amar. Quem sabe.

3.2.07

Não quero saber quem eras. Já não. agora quero apenas sentir o que sentias. Quero sentir-te quero ler-te. leio-te de novo. Aos poucos diariamente (leio-te há anos). Leio-te e comovo-me dum modo que receio descrever. Leio-te e sinto o que talvez nunca sentiste. Não é por ti. Sinto-o absorvo-me na vida de sentidos que me dás. Leio-te mais um pouco até ao fim quase forçado que me enfeitiça. Preso na maldição duma alegria que de breve sublima mal surge. Absorvo-me de novo na solidão que te esmaga como a figueira aos mortos que enterras no quintal. E sinto.

“Comovo-me? Enterra os teus mortos e a terra será fértil com novas flores.” V.F.

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