do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

18.1.07

Era noite. Escura como breu. Um nevoeiro sombrio e húmido acompanhava-o no caminho. Abraçava-o ao passar. Apertava o frio entre as mãos que bafejava de quando em quando. O frio gélido forrava-lhe os pulmões num respirar ofegante. O rosto inexpressivo e rubro transpirava a saúde que lhe ardia no corpo. Que lhe ardia de esforço e cansaço no atravessar da noite. No atravessar com a noite mais um trilho espinhoso do caminho. Um trilho silvestre que lhe agarrava as calças ao passar as mangas num leve descanso de braços, no balançar de equilíbrio dos passos. Agarram-no como garras do passado tentam rasgar-lhe as vestes sangram-lhe o coração. Ainda assim há que seguir. A cidade é já ali. A meta aproxima-se a cada passo que a seguir ao outro parece ainda mais pesado e penoso. A cidade é já ali mas não via as luzes nem ouvia as vidas escondidas por detrás de muros e paredes aparentes. A lama começava a colar-se-lhe aos pés a terra ensopada entorpecia-lhe o andar e ainda assim ele seguia. Sem nunca olhar para trás sem nunca perguntar porquê. A sede de chegar absorvia-o quase tanto como o medo desse fim. E nunca parava. Nunca. Foi na aurora quando sentiu a manhã chegar quando tudo começou a mexer e o mundo chamou pelo sol numa ânsia de vida que ele se sentou. Respirou fundo mergulhou o rosto no frio das mãos e chorou pela última vez e pela primeira não quis nem precisou de procurar a cidade…

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