A tarde segue ligeira se ali vais. Esquiva-se serpenteada nas agulhas do tempo. A eternada insipidez às voltas entre pretensos voos de cuco. E ei-lo se a hora se diz a certa. O tempo cantado as horas contadas a uma. E vão cinco – ou já seis? O tempo não te empurra se ali vais. Passa sem que se note como se não passasse. E quanto por ali passou… Declarado a toda a volta, estampado em paredes e tecto, esbatido em abat-jours, toado nos sonhos girados em disco. Ao alto rasgado no papel das paredes ergue-se o inverno do mundo. Imenso para lá do vidro. Do lado onde queima de frio a pele, onde a trespassa e toca o osso. Do lado em que brilha, ainda e por pouco, o sol. Onde cai, a cada dia mais tarde, o escuro que embala a noite e espalha em horizonte a tom pastel o pouco que resta do que foi luz. Em frente rente ao pisar, uma alaranjada dança deixa-se acontecer e num crepitar de faúlhas respinga luz por toda a sala, na procura das brasas que hão-de chegar. Ali a tarde pousa-te as mãos. Amornada no adormecido chá da porcelana que susténs nas palmas. Acalenta-te a alma alenta-te a calma e no regaço da tarde de tempo aninhado no colo és sempre tu e o mundo teu.
do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.
12.2.13
A tarde segue ligeira se ali vais. Esquiva-se serpenteada nas agulhas do tempo. A eternada insipidez às voltas entre pretensos voos de cuco. E ei-lo se a hora se diz a certa. O tempo cantado as horas contadas a uma. E vão cinco – ou já seis? O tempo não te empurra se ali vais. Passa sem que se note como se não passasse. E quanto por ali passou… Declarado a toda a volta, estampado em paredes e tecto, esbatido em abat-jours, toado nos sonhos girados em disco. Ao alto rasgado no papel das paredes ergue-se o inverno do mundo. Imenso para lá do vidro. Do lado onde queima de frio a pele, onde a trespassa e toca o osso. Do lado em que brilha, ainda e por pouco, o sol. Onde cai, a cada dia mais tarde, o escuro que embala a noite e espalha em horizonte a tom pastel o pouco que resta do que foi luz. Em frente rente ao pisar, uma alaranjada dança deixa-se acontecer e num crepitar de faúlhas respinga luz por toda a sala, na procura das brasas que hão-de chegar. Ali a tarde pousa-te as mãos. Amornada no adormecido chá da porcelana que susténs nas palmas. Acalenta-te a alma alenta-te a calma e no regaço da tarde de tempo aninhado no colo és sempre tu e o mundo teu.
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