do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

30.6.07

Mais que um nome que um rosto que uma vida. Um passado uma herança esta história. A genética a cultura e a memória. O futuro um legado e nova história. Tudo o que és e te fizeram o que fizeste ao que já sou. O que sinto e o que sentes o que me dás o que te dou. A certeza do encontro ainda que vás onde não vou. As verdades os sorrisos que no peito hão-de morar. O abraço que te peço sem dizer o abraço que ambos damos sem tocar. O brinde que te faço sem beber o laço eterno que nos une além do mar…
Saúde!

28.6.07

Abraças-te ao silêncio à imagem da noite. Tentas evitar a loucura do vazio… o amargo da companhia… os fantasmas que te guiarão os segundos. Um resto de vontade um querer mais que tudo uma força tão frágil tão fugaz. A força que tentas recuperar num suspiro. A saudade de ter sido a coragem de querer ser. O beijo de boa-noite um sono de pedra por detrás dum rosto de anjo… suspiro! Amanhã hás-de sorrir de novo…

20.6.07

Viajo à janela dum comboio sem destino. Passa-me a paisagem diante dos olhos em constante monotonia. Não a retenho. Deixo-a passar como aos passageiros perdidos numa vida só deles cheia deles. Esticam o braço para validarem a passagem e voltam aos seus eus sem perguntas ou queixumes. A viagem continua mas há sempre um fim da linha. Valerá a pena sair?

18.6.07

É em dias como o de hoje que num repente, assim como se do nada, surge a ânsia pelo imenso - verde azul imenso. Anseia-se o canto o frescor o imenso. Anseia-se crispado. Irrequieto em espuma na areia. Anseia-se o sal nos pés. A leveza no mergulho na calma o frio no corpo nos lábios. Um olhar de sal por sobre a recôndita alma do mundo. Um outro silêncio brando em gestos perfeitos de paz. Um riso imenso em bolhas de sonhos que hão-de nascer. O riso fundo da inocência que ainda se é sentido à séria num instante roubado ao mundo…
Anseia-se um corpo sabor a sal.

17.6.07

Num beijo prova-se o tempo prova-se o mar prova-se o querer às vezes sem se querer. Prova-se o doce prova-se o morno prova-se a alma que brota em bica do olhar. Prova-se o verbo o silêncio o abraço apertado de ternura. Prova-se o ritmo alucinado do peito. Prova-se a vida prova-se um vício prova-se a paz que ninguém sabia existir. Prova-se e não há como parar…
Já provaste? *

16.6.07

Abraça um cometa e deixa que te leve onde pertences. Prega a lágrima ao canto do olho não vá tornar a cair e vai. Abraça-o desde o fundo. Corre lá longe entre a mágica valsa universal. Na leveza de um corpo celeste. Beija a lua aperta o sol. Queima a alma de luz. Espreme-a. Não sonhes apenas que vais empurra-te. Pousa a pena com que riscas e vai…
Espreita a Vida…

13.6.07

Antes o sal fosse só mar…
Se ao menos conseguisse sê-lo… se o fosse pelo menos uma vez.
Soubesses o azul que vi e o desejo de um beijo morreria no nascer da manhã. Hoje moro no frio dum Tejo sedento de mar…
*

8.6.07

Um beijo na face crua. Viva. Na face verdadeira da manhã. O fundo dos olhos. O horizonte do olhar para lá do beijo. Longe tão vasto tão quente. Tão perigosamente mortal. Pleno de vida. Lábios sedentos de mel em atropelos na humidade doce de um beijo. Numa colheita minuciosa para que nada se perca para que dure para sempre o seu sabor. O doce mel que forra a alma. O desgrenhado beijo da manhã…

6.6.07

És o que és até onde podes ser. Se é escasso? Talvez o seja mas é todo o esplendor que a tua vida enche. Vive-a… e de quando em quando permite-te amá-la.


“Na vida tudo chega de súbito. O resto, o que desperta tranquilo, é aquilo que, sem darmos conta, já tinha acontecido. Uns deixam a acontecência emergir, sem medo. Esses são os vivos. Os outros vão-se adiando. Sorte a destes últimos se vão a tempo de ressuscitarem antes de morrerem.” Mia Couto

5.6.07

Inútil. É o que és quando te pensas…

“Merda para a inteligência. Quem reflecte não ergue um dedo. Morre sepultado no esterco de toda a gente.” V.F. in apelo da noite

4.6.07

Foi na noite na praia. Onde os corpos esmagaram areia em pegadas perfeitas. Um rasto breve de história a denúncia do sentido tomado lambido de quando em quando pela ternura salgada da espuma. Apagado aos poucos do dourado do quadro da tela. Da noite que a lua vestiu de gala de prata. Eternamente enterrado nos profundos segredos do mar. E o que conta a quem o ouve… Lá longe no fim do trilho a silhueta do verbo espalmada entre grãos ainda intacta. Sem corpos sem volta sem som apenas o selo branco conjugado vezes sem conta escrito na areia. Foi na noite na praia que o mar os bebeu em segredo.

1.6.07

E se um dia a noite ficasse branca o luar azul e as estrelas gatos que farias?
Veria no branco noite no azul a lua e nos gatos estrelas e sorriria feliz! Muito feliz…

riscos