do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

21.7.06

As lágrimas assaltam-na em dor mas o alívio de poder chorar fá-la sorrir. E chorar em prantos talvez. Talvez não em prantos, só uma lágrima contida e venenosa que queima devagar num cumprir de destino numa lei da gravidade que a chama baixinho por entre sulcos de feições por sobre uns lábios saudosos e gulosos de sabor. E a faz correr a face por onde o ciúme dos meus dedos não passou...
E tu acabas por chorar e eu por nada dizer…

18.7.06

Agarras-te a palavras que não dizes por vergonha ou medo talvez. Ages irracionalmente na tentativa de seres racional e honesta e o mundo rouba-te a vontade. O rótulo esmaga-te numa prisão que não vês nem sentes e te obriga a não seres tu não te deixando não sê-lo. Até quando te vais esconder atrás desse está tudo bem e sou muito feliz porque o mundo me diz que tenho tudo quando não me deixa sequer saber o que no fundo quero e queres... tu sabes que queres. Por isso ama-te e descobre-te e ama-te ainda mais e sê o que a razão te diz ao coração e pensa e age no mesmo impulso... vais ver que a vida te agarra e te leva ao fim com ela... e pelo caminho serás feliz pois haverá quem ouça as palavras a que te agarras e te escondem e talvez nem para ti digas...

17.7.06

Já reparaste na cor do céu? Não hoje especialmente mas na sua cor no dia-a-dia. De manhã à tarde à noite. O que te diz exactamente? E nas formas das nuvens? Claro que sim. Quem é que nunca olhou as nuvens? Quem é que nunca se perdeu num horizonte de sonhos de algodão? De formas sobre-humanas que nos atraem duma maneira tão especial. Quantas vezes não te deitaste nas nuvens como se fossem um colchão de espuma gigante? Quantas viagens fizeste ao sabor do vento? Quantas formas viveste enquanto nuvem?

E à noite choveu...

Espero-te só por te amar e amar-te é tudo o que te peço. Sento-me suavemente sob o crepúsculo e admiro-te na tua complexidade exagerada de seres tão somente tu. Agarro-me a uma saudade trémula e espremo-a até à exaustão desgasto-a e volto a lembrá-la para de novo a espremer mas nada passa e a tua ausência fatiga-me. O ar baço que respiro acorda-me para uma rua obtusa e sinuosa rasgada por corridas de pressas fúteis. Conspurcada por vidas pequenas e vãs desprovidas de sabor envolvidas em suor. Esqueço-as por um momento que ainda breve me leva a um saber de ti a um perder-me em mim. E a lua brilha mais forte numa noite respingada a aguarelas, numa noite fervilhante de saber. E elevo a alma a par com as estrelas e afogo-me num irreal castelo de cartas. E o mar... O mar é azul...

3.7.06

Há-de um olhar roubar-te a vida, um sorriso sugar-te a alma e aprisionar-te para sempre em palavras que depressa confundes com amor. Hão-de levar-te onde não foste em sonhos onde não irias nunca em vida. Hão-de fazer-te rir na prisão dum porquê quando a vontade é só chorar. Vejo-te presa à alma que não sabes, por detrás dum olhar que é teu e não conheces. Para lá dum estares aí… E no entanto estás e o sorriso não te denuncia. Fazes ideia do que virá ainda? Terás a fortuna de o não vir nunca a saber? Sinto-te para lá de muros e razões que desconheço. Vejo-te… Olho-te e não te falo só por te querer bem. Vive em paz meu anjo…