do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

31.12.10


porque raio me há-de percorrer este veneno que me sufoca e revolve. e depois o grito. é sempre o grito que salva o corpo. adormece na latência do tempo e quando a memória o já não lembra acorda em delírio e implode por dentro e só o grito o acalma. se houvesse quem pudesse perceber...


28.12.10

lembro
as horas que os dias não tinham

lembro tudo
e perco as palavras esgotado de lembrar…

lembras?



11.12.10

um novo rumo revelado a cada vento a cada singelo sopro a cada breve suspiro…
indolente, suplantado no saber alo com a bolina de insuspeita e quieta melancolia


18.11.10

porque o tempo na sua teima não sossega os tiquetaques…

bem-vindos sejais 31!


 

15.11.10

não importa quem amas ou um dia amaste. já não. o tempo urge… e hoje importa mais quem deixaste que te amasse.

*

27.10.10



"
Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.
"

F.P. 

 

12.10.10

só no vagar da noite a lua escura o frio pleno
morada errante à chuva de tão suave veneno
alma vencida à deriva nesse alvoroço de mar
incendiado de si sobeja verbo no olhar

do amor sabem-se as letras o sentido o soar
perdidos vagueiam seres enlevados no sonhar
néscio volúvel tolo um fluir inconsciente
à vida ser-se-lhe-á o pouco que se lhe sente



 

10.10.10

A leve dança desse passo quando passas exala vida espalha luz por todo o espaço esse balanço que te embala todo o traço o doce licor que guardas no abraço a ternura do sorriso esse melaço toda a magia das palavras que aqui faço – verdade e verbo que me atestam o regaço

*

4.10.10

Na cidade que me acolhe passa gente e quando passa deita fogo e a fumaça atesta de cor e graça quem a sente quem a olha. Alheios de toda a desgraça daquela ambulância que passa em silvos de pressa e de dor passam à volta da praça cheios de fogo e fumaça cheios de vida e de cor. Encosto a velha carcaça à pedra quente da praça solto os olhos em redor, aquece-me a alma da praça e das gentes cheias de cor mais do que a pedra a carcaça. Sente-se o quente das gentes em cada canto da praça.


15.9.10

É sempre no morno da alma que te encontro… e gosto-te

“Do you know how wonderful you are” – Gordon Haskell

13.9.10

Ouve o grito-luz que carrego a cada olhar. O beijo-brisa que a cada dia deixo ao de leve nesse teu rubro-maçã… anseio a cada hora o doce-abraço desses lábios. O fresco dessa fonte vermelho-cereja compota suave da doçura que te envolve…

"you... strange as angels" - The Cure

7.9.10

procuras-te entre as curvas de uma vida entre becos sem saída entre livros e jornais entre vidas tão banais entre sóis e entre luas nas vielas e nas ruas entre dias tão iguais entre praças e arrais entre tristes e jograis entre latas e grilhões entre saltos trambolhões entre muros e paredes entre grades entre redes entre gente jovial numa aldeia virtual entre sonhos utopias na vil espuma dos dias em gestos cordas e nós acórdãos regras e rós. indagas-te ao largo do mundo onde tentas a custo caber onde tanto te cabe o saber onde só te cabe viver onde moras e só aí. 
procura-te dentro de ti.

2.9.10

perco-me em ti.
esquecido ao sabor do vento sozinho no calor do tempo preso a um fio de dor à sombra do que tens de melhor.
perdido seja lá onde for


4.8.10

és um vício
mas mais que um vício és um gosto
e gosto do vício de ti

1.8.10

é ali à beira mar… onde a noite chora baixinho onde tanto te sobra a falta onde o tempo espera por ti

17.7.10

Naufragado em inesperado vácuo
Repleto de vícios fecundantes
Silvam murmúrios sibilados
Memórias férteis abundantes

Só em desmedido vazio inundado de nada
Procuro a luz da lua e fundo-me na da madrugada



15.7.10

mundo revolto entre as mãos, ideias riscadas enriçadas em novelo, turbilhões desgovernados. individuado tumulto perdido na quente tranquilidade de uma aparente tarde de Verão.

8.7.10

Deixa que me afogue no mar que trazes na alma. O mar imenso de cor que te transborda o olhar. Deixa que me leve é onde quero morar...


Deixa

26.6.10

Partiste sem adeus. As despedidas caladas na glote sumidas no mudo aperto da voz. Não digas, não há o que dizer. Vai… e foste. E vais de passo firme até à fonte e depois dela. Vais. Levas nas pernas uma força comovedora e um aperto demolidor ao peito. Vais. E veloz como o tamanho que ganha a tua ausência encolhes à distância da vista, a cada passo. Berrei que parasses e não fosses. Que quedasses para sempre. E foste… e vais. Passo a passo um pouco mais a cada dia. Gritei, berrei que me fiz roxo. Tantas vezes quantos passos até à fonte e depois, até ao monte e para lá dele. Quantos dias passaram então? Quantas vidas viveste depois? Ali. Quieto. Em pé junto ao portão. No fim de tarde de mês de ano. No fim de tudo. Mudo roxo de gritos no quieto fim de tarde. Naquele quieto fim. Passo a passo a cada dia. Toda a bagagem que és arrumada num lampejo. Cerrado nos punhos o mundo que te soubeste fazer a vontade do que hás-de ser. O muito o pouco o tudo e o nada. Partes de mundo nas mãos. Sem trouxa nem bagagem. Não digas, não há o que dizer. Vai… e foste. Nunca o disseste. Talvez não tenhas nunca que o dizer… Vai.


11.5.10

Olhar caído no fundo do copo. As cinzas do que fora pairam no abismo onde se lhe perdeu a alma. Onde com ele se perdeu o vociferante eco repetido em frases soltas à exaustão. A carne consumida pelo vazio. Esfarrapada. Às vezes pressentem-se passos que de inaudíveis quedam na dúvida e na dúvida não se crêem nem se deixam de crer e perdem-se afundados no abismo sem sentido nem licença sem aviso nem desculpa. Desculpa. Sentidos amarfanhados de rancor sem sentido nem licença sem aviso nem desculpa. 
Desculpa.


30.4.10

Porque por vezes se apaga a luz no peito porque embacia o olhar tolda a razão porque o calor aparece ou vai embora sei lá. Porque o tempo é feito de passos e os passos apressados no tempo porque salta o coração ou se apaga ou adormece fora de horas. Pelo dia pela noite sempre mais pela noite pela terra e pelo mar. Ou apenas pelo mar. Porque a chuva que faz falta não escolhe a hora certa porque os passos apressados se entrecruzam desacertam porque os laços se desatam e se rompem as amarras. Porque por mais que se pensem os passos sempre se entra de cabeça ou não se entra de todo… 



10.4.10

escuta. o salpicado riso dos pássaros. a vida por aí denunciada em chilreios descompassados. o morno suspenso dos dias os deslumbrantes brilhos de vistas lavadas de invernos atulhados em gavetas de lãs. escuta as sonoras gargalhadas da manhã a fresca quietude do respingo do ocaso. escuta…  
escuta-te


8.2.10

sei-o sem querer. ou talvez queira mas não hoje. não. hoje pesas-me para lá do parco peso. para lá da leveza desse balanço. hoje pesas-me. hoje não pairas nem colhes paz juntinho ao mar. hoje não. hoje pesas. marcas a fundo as pegadas uma a uma. a cada letra da passada. cravadas a fundo na alma… pegadas de um outro rumo…


riscos