do It. sbozzo s. m., delineação inicial de uma pintura, escultura ou desenho; bosquejo; fig., resumo; sinopse.

30.9.12


não sou, isso sei-o, o que esperas. não o sou com uma força tão imensa como se apenas existisse para o não ser. correu-nos a vida ligeira até ao pingo do tempo onde muda e quieta como se eterna se nos mostra imóvel num frente a frente ali à frente ao largo de um toque, na infinita distância de um abraço partido, no amargo travo a sonho perdido. imóveis num frente a frente quieto e mudo. cai-me nas mãos o olhar que não me atiras ou talvez atires já não importa. e sem amarras seguro-o no junto das palmas na concha das mãos onde se aninha como em casa. não o espanto nem o guardo. fetal e sereno nas palmas se queda, nas palmas se deixa ficar. seguro-o longe do que esperas. sei não o ser como te sei a dor na alma. o pesar encastoado na alma arraigado no rafado de um forro de algibeira. por demais quieto em concha segurado o seguro repouso do teu olhar. vais em breve chorar e sabe-lo. e sei-o quieto contigo e imóvel me quedo. vais chorar e vai doer e como eu sabe-lo quieta e quieta comigo te quedas no desequilibrado balanço da estatia do momento. ali – crua e fria - de alma caída no fundo esquecido de um alforge atulhado de prantos e olhar repousado no esquizofrénico carinho de um louco…



 

29.9.12



morres a cada dia um pouco mais a cada instante sem que disso te dês conta. morres devagar porque amas e porque amas não se te morre todo o ser só num momento. porque o amor é vida é indissociável da morte da mesma forma que estas se não desligam. é condição de existência da vida do amor não se poderem dividir em partes. o todo faz-se das partes sem que nenhuma per si o complete. quem ama como quem vive fá-lo por inteiro ou vive na ilusão de o fazer. amar é beber a vida na felicidade do ser amado é ocupar a existência a construí-lo complementar-lhe o ser e deixar a vida acontecer-lhe. 

e quando recíproco torna-se a vida plena em cada ser e a morte não é mais que a plenitude da própria existência